Governar é anunciar
Por Wagner Cabral
Aproveitando a “festa das eleições”, discuti com os alunos de História do Brasil contemporâneo o livro de Eugênio Bucci: “O Estado de Narciso: a comunicação pública a serviço da vaidade particular”.
O autor analisa a privatização da comunicação dita pública no Brasil, posta a serviço da propaganda pessoal e dos projetos políticos dos governantes. Ele fala de carteirinha, pois foi presidente da estatal Radiobrás no primeiro governo Lula e viveu por dentro as inúmeras contradições de um projeto que falava em “democratização da mídia” e outras palavras de ordem que ganharam força nos últimos tempos de aprofundamento da exceção brasileira.
Aproveitei também para falar do nosso pequeno quintal maranhense, da evolução das despesas do governo estadual com publicidade, dos contratos, agências e valores pagos pelos governos de Roseana Sarney (2014) e Flávio Dino (2016). E ainda o reeleito Holandinha e seus gastos no setor.
Olhem com seus próprios olhos!
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Um trecho do livro:
“Ficou para mim a lição de que, na ânsia de agradar o poder da vez, a tradição bajulatória da Voz do Brasil era capaz de reproduzir espontaneamente os ritos do socialismo burocrático, em que o secretário-geral do partido manda nas autoridades públicas ou fala por elas. Com a mesma presteza que adulava os generais da ditadura militar, a Voz corria para edulcorar a vida de um governo que se imaginava de esquerda. Eram ideologias supostamente opostas, mas os préstimos ao ego dos governantes eram iguaizinhos. A comunicação pública a serviço da vaidade particular é o patrimonialismo sem nenhum caráter”.